Campeonato Estadual de 1964

Historia

Depois de 10 anos mais um título regional     

O torcedor grená viu passar uma década em pleno jejum de sua equipe, mas além do título estadual, que conseguiria comemorar cinco anos mais tarde, o ano de 1960 parecia que iniciava com mais uma era de fracassos. Em 1961 o Olímpico conseguiu se reafirmar novamente, já com um time renovado, e com os novos valores surgidos principalmente de suas equipes inferiores. 

Uma equipe de jovens, agora liderada pelo experiente Aducci Vidal, que de zagueiro passou para a meia-cancha, e maestria do time, o Olímpico estreou em 1961, no dia 4 de junho contra o Guarani, no campeonato da LBF. Não deixou de ser mais um clássico, onde o empate em 1 a 1 foi um resultado justo. Para o Olímpico marcou o ponteiro esquerdo Risada. 

Na segunda partida, diante do União de Timbó, a primeira vitória: Olímpico 2 a 1. O mesmo resultado registrou-se dias após, contra o Floresta, de Pomerode. A primeira goleada seria diante do Tupy, de Gaspar, 5 a 2. Diante do Palmeiras o jogo ficou em 0 a 0, resultado este que os prejudicou pois necessitavam vencer, ficando o título por antecipação para o Amazonas, que encerraria o turno superando o Olímpico por 1 a 0, no campo do Bairro Garcia. 

Estreando na segunda fase, depois de uma campanha apenas regular, o Olímpico se impôs ao Vasto Verde, por 2 a 1. No dia 15 de agosto de 1961, na Baixada, com gol de Mauro, o branco-grená venceu o Palmeiras por 1 a 0, assegurando com mais uma vitória pelo placar mínimo, gol de Risada, o título do returno diante do Amazonas. 

Campeão de returno, o Olímpico disputaria uma melhor de três com o Amazonas, para decidir quem representaria a Liga Blumenauense em âmbito estadual. O primeiro jogo foi vencido pelo Olímpico, na Baixada, por 2 a 0, em 24 de agosto, com gols de Acary e Valdir. Três dias depois o mesmo Amazonas surpreenderia com uma vitória por 3 a 1, no seu estádio, devendo a decisão efetivar-se em jogo extra.  

Foi na Baixada, dia 1º de setembro, que as duas equipes encontraram um ambiente bastante nervoso, com o público superlotando o estádio. O resultado: 2 a 2, com muito destaque a Aducci, Vidal, os times partiram para a prorrogação. O Olímpico parecia ter mais força, confirmando sua superioridade técnica, marcando logo aos 5 minutos, através de Orio depois de um escanteio muito bem batido por intermédio de Miltinho. Novamente o Olímpico era campeão regional, desta vez diante de um adversário que não fosse seu arqui-rival o Palmeiras. 

As dificuldades dos anos 60 refletiram no futebol blumenauense de maneira decisiva, e os clubes lutavam com todas as forças para conseguir sobreviver. No Olímpico, Aducci Vidal, que durante muitos anos vestiu a camiseta branco-grená assumia a condição de técnico, prestando novamente seus serviços ao clube que o projetou. 

Para chegar ao título de 1964 o time teve que enfrentar uma verdadeira maratona, que se estendeu por mais de um ano. Com a equipe de jogadores reduzida, o presidente Curt Metzger trouxe alguns atletas do Paraná, como William, Altemir, Juquinha, Joca e Rodrigues. 

Inicialmente o time participou do quadrangular “Luiz Galotti”, junto com o Palmeiras, Marcílio Dias e Barroso, que sagrou-se campeão. Caiu, entretanto, no campeonato regional. A taça foi levantada pelo Guarani, da Itoupava Norte. 

Como o bom índice técnico proporcionava ao clube condições de pleitear sua participação, o Olímpico assegurou seu ingresso na disputa principal, que iniciou dia 17 de março, com um empate diante do Carlos Renaux, em Brusque, por 1×1. O sucesso começaria mais efetivamente diante do Baependi, de Jaraguá do Sul, com uma goleada de 4×0, dia 24 do mesmo mês. A equipe vinha crescendo e conseguiu mais uma vitória sobre o Guarani por 2×1, em pleno estádio da Baixada. 

No dia 6 de abril jogou contra o Ipiranga, de Canoinhas, numa goleada de 5×0, e logo em seguida 3×1 sobre a Usati, de São João Batista. A caminhada de vitórias prosseguiu contra a Tupy, de Joinville, na Manchester Catarinense, por 4x 2, e depois por 1×0, diante do Atlético de São Francisco, mais uma vitória de 8×1 sobre a Estrela de Nereu Ramos. 

A invencibilidade do Olímpico foi interrompida depois de uma vitória de 2×0 sobre o Paisandú, em Brusque, quando o time foi surpreendido pelo América, em Joinville, pelo placar de 3×0. Logo veio o clássico blumenauense diante do Palmeiras. Com gols de Rodrigues e Nilson Greuel, o Olímpico conseguiu mais uma vez dobrar seu principal rival, coroando a primeira fase com mais uma importante vitória sobre o Caxias, de Joinville, por 6×2. 

No returno o Olímpico estreou com uma boa vitória sobre o Carlos Renaux, por 3×0, passando em seguida pelo Baependi por 4×1. Os grenás venceram ainda o guarani por 5×1, ao Ipiranga por 3×1; à Usati, 4×0 e ao Tupy, por 1×0, antes de amargar a segunda derrota no campeonato, frente ao Atlético, em São Francisco, por 3×2. 

Uma semana mais tarde, frente à equipe do Estrela, nova goleada, de 6×2, e depois de um empate em 0x0 contra o Paisandú, em Brusque, o Olímpico conseguiu devolver a derrota sofrida no primeiro turno, ao América de Joinville, por 6x 2. 

Novo clássico. Já há algum tempo que o Palmeiras não conseguia vencer e viria com todo entusiasmo para cima do adversário. Porém o alvi-verde nãoimaginava que encontraria um jogador contrário, Lila. Na vitória de 3×2 pelo Olímpico, o atacante foi autor das conquistas grenás. 

A mesma sorte, porém, não viria no jogo seguinte, quando o Caxias, em Joinville, conseguiu superar a equipe blumenauense pelo placar de 3×1, embora terminassem a fase classificatória do campeonato como líderes na Zona 2.

As semi-finais do campeonato catarinense seria disputado contra os representantes da zona 1. Para início de turno, a vitória de 3×0 sobre o Figueirense, no Estádio da Baixada, já apontava a séria candidatura do Olímpico ao título máximo. Logo em seguida os blumenauenses não passaram de um empate em 2×2 diante do Tupy, de Joinville. 

Uma nova derrota, em 10 de janeiro, frente ao Hercílio Luz por 3×1 não desanimou os jogadores do Olímpico, que voltaram a somar mais dois pontos, vencendo ao Guarani por 2×1. 

Nos anos 60, conforme muitos esportistas da época, o Metropol, de Criciúma, foi o maior expoente do futebol de Santa Catarina. No entanto a equipe do sul do Estado também não resistiu no primeiro confronto frente ao Olímpico, perdendo por 2×1 com gols de Mauro e Ronald para os grenás. 

Depois de dois empates frente ao Caxias, por 4×4, e América, 1×1, em Joinville, o Olímpico superou novamente o Barroso, de Itajaí, por 3×0, seguindo para o returno, onde passaria pelo Figueirense, vencendo por 1×0, gol de Joca. 

O campeonato de 1964, já sendo disputado em 1965, prosseguiu para o Olímpico, com dois empates seguidos: 1×1 contra o Tupy e 0x0 diante do Marcílio Dias, antes de o time dirigido por Aducci Vidal aplicar nova goleada por 6×1, na Baixada, no Hercílio Luz, para quem havia perdido no confronto anterior. 

Em novo clássico contra o Guarani, o Olímpico voltaria a vencer por 7×2, empatando as partidas seguintes com o Metropol, 2×2, em Criciúma e Caxias, mas sofrendo outra derrota de 3×2, para o América, em Joinville. 

Apesar de algumas derrotas, o Olímpico se firmava cada vez mais como um sério candidato ao título de 1964, apesar de que a seqüência de jogos desgastava muito os jogadores. O clube terminaria como finalista ao lado do Internacional Lageano, Hercílio Luz e Santa Cruz de Canoinhas, depois de vencer ao América por 6×1 e empatar com o Barroso, em Itajaí, em 1×1. 

No quadrangular final o Olímpico empatou a primeira partida com o Santa Cruz, enquanto que em Tubarão o Hercílio Luz aplicava uma goleada de 4×1 no Internacional. Na rodada seguinte a situação se invertia, com o clube blumenauense vencendo por 4×0 o representante de Tubarão, enquanto que o Inter batia o Santa Cruz por 2×1. 

Na última rodada, a 4 de abril de 1965, o Olímpico foi a Lages vencer o Internacional por 3×2, com gols de Joca e Rodrigues. Já em Tubarão o Hercílio tirava as chances do Santa Cruz, vencendo por 4×0. 

O campeonato ainda estava indefinido, mas o time blumenauense e o da capital do Planalto estavam lado a lado, cada qual tentando puxar para si o título máximo. 

No returno do quadrangular final o Olímpico iniciava vencendo o Santa Cruz por 2×1 com gols de Joca, mas é surpreendido com um 2×1, em Tubarão, frente ao Hercílio. Tudo havia ficado mais difícil. A decisão seria dia 25 de abril, quando novamente enfrentaria o Inter, desta vez na Baixada, palco perfeito para uma decisão estadual, depois de quase 15 anos passados da conquista do primeiro título, o de 1949, em 1950. 

O Dia D 

Contam os jornais da época, em palavras confirmadas pelos que viveram mais uma grande glória: “A tarde estava fria e inquietante. O céu nublado deixava transparecer que não demoraria a chover. Nas ruas, as pessoas andavam na mesma direção, murmúrio de vozes faziam-se ouvir até distante. 

À tarde, o céu, a chuva à vista e as ruas eram blumenauenses. As pessoas vinham das diversas cidades, mas no entanto, todas elas estavam prevendo algo de extraordinário. Os portões de entrada da grande praça de esportes mal serviam para a passagem da grande multidão. Todos queriam presenciar grande espetáculo, o espetáculo que nenhum brasileiro deixa de ser fã ardoroso e que em várias vezes chega a derramar lágrimas. A grande praça de esportes era o Estádio da Baixada, e o grande espetáculo era Grêmio Esportivo Olímpico e Internacional de Lages, na luta final por mais um título histórico. 

Bandeiras de todos os clubes de Blumenau e cidades vizinhas estavam desfraldadas dentro do coração de cada um. A cidade torcia tão somente para um clube: o Olímpico. 

Todos estavam ansiosos por ver as duas equipes entrarem em campo e não suportaram a emoção em ver o esquadrão grená entrar pisando no tapete verde da Baixada. Corações pulsavam aceleradamente. Ante a grande expectativa, mãos esfregavam-se, demonstrando perfeito nervosismo. Ninguém ficava parado; pés trocavam de lado, como se movidos pelo sobrenatural; mãos molhadas de suor, entravam e saíam dos bolsos; gargantas secas viam-se privadas de salivas, tão escassa nesse momento de ansiedade. A grande massa humana estava vivendo um perfeito drama, de quem esperava apenas um momento: o de gritar gol, o grito da vitória.” 

Era o dia 25 de abril de 1965. Estádio da Baixada lotado completamente. Alguns torcedores já haviam chegado mais cedo, almoçando lá mesmo, na sede do Olímpico. Hora do jogo. Entra em campo a arbitragem, formada pelo árbitro Gerson Demaria e bandeiras, Nilo Eliseu da Silva e Silvano Alves Dias, logo após as duas equipes, ambas bastante festejadas com aplausos e foguetes. 

Começa o jogo. Um silêncio de segundos logo é interrompido pela vibração dos lageanos, que viam sua equipe investir perigosamente contra o arco defendido por Barreira. O ponteiro colorado, Puskas consegue um bom tiro, mas torto, para a sorte dos grenás. 

Jogo nervoso. As duas equipes nos primeiros minutos pareciam descoordenadas, mas logo, a partir dos 15 duas boas cabeçadas de Ronald e Joca quase abriram o marcador. 

Apesar de dominado, literalmente em todos os setores do campo, através de Roberto o Inter quase marca em um chute de longa distância, mas lá estava Barreira, muito bem posicionado. 

O sonho começava a se tornar mais uma vez realidade, aos 26 minutos da primeira etapa. A arbitragem marcou falta em Rodrigues pouco além da risca divisória, cometida pelo lateral De Paula. Paraguaio cobra a infração com endereço certo. O centroavante paranaense salta de costas para o gol, desviando do alcance do goleiro lageano, que teve que buscar a bola no fundo das redes. O Olímpico e sua torcida comemoravam o primeiro gol, o único da primeira etapa.

E a chuva, que também fez questão de presenciar o grande espetáculo apareceu na segunda fase. O Inter correu logo atrás do prejuízo sofrido na primeira etapa empatando aos 10 minutos, através de Jóia, dando um grande susto na torcida local. Desta vez a presença importante de Barreira não salvou o sonho grená, o jogo estava empatado em 1×1. 

Não apenas a sorte, mas a predominância nas ações davam ao Olímpico uma maior tranqüilidade, pois na maior parte do tempo estava no campo contrário, tentando ampliar o marcador. O técnico Adúcci Vidal processara uma alteração na equipe, tirando o ponteiro Lila, colocando Quatorze, deixando assim o ataque mais ofensivo, com a presença de dois centroavantes. A tentativa deu bom resultado, logo aos 13 minutos, na combinação de Quatorze e Mauro pela direita. 

A jogada começou com um cruzamento de Mauro até Joca, que cabeceou violentamente à meta. Lá estava novamente Rodrigues, para mais uma vez derrubar a meta do goleiro do Inter, João Batista; 2×1, outra vez reanimava-se o torcedor blumenauense. 

O terceiro gol foi duvidoso para os jogadores do Inter. Lances que ensaiavam a violência começaram a suceder-se no final do jogo. O Inter ainda tentava o empate para levar a decisão a uma prorrogação. 

Quatroze e Mauro Longo: uma pose para a posteridade

Os jogadores do Olímpico já haviam corrido muito, e um período extra poderia determinar um desgaste irreparável para as pretensões da equipe de Aducci Vidal. As investidas eram constantes, até que Joca, que passou para Rodrigues, na opinião adversária em completo impedimento. Para o goleador foi muito fácil avançar alguns passos e marcar o terceiro e último gol. 

Atletas e dirigentes do Inter partiram para cima do árbitro, mas nada disso pode ser evitado. Eram decorridos 38 minutos do segundo tempo, quando Gerson Demaria expulsa Nininho. Logo em seguida, o jogador Roberto agrediu covardemente o juíz, também sendo excluído, restando ao clube Lageano, com apenas nove jogadores, contentar-se em ficar com o vice-campeonato, dividido com o Hercílio Luz. Blumenau mais uma vez, comemorava em passeata, festa e bailes, o título de campeão catarinense. 

Para chegar ao título o Olímpico realizou uma campanha de 47 jogos. Foram 30 vitórias, 10 empates e apenas 6 derrotas, em um ano, um mês e uma semana, com 63 gols marcados a favor e 32 contra, com 70 pontos a favor e apenas 12 contra. 

HERÓIS DE 1964  

– Lourival Barreira: goleiro
– Adilton Rodrigues Martins: centroavante
– Orlando Silva: lateral
– João Sequinel Neto (Joça): meia-ponta de lança
– Orlando José Costa (Paraguaio): lateral
– João Carlos Beduschi (Lila): ponta-direita e centroavante
– Romeu Paulo Fischer: zagueiro
– Alfredo Cornetet (Quatorze): centroavante
– Roberto P. Nascimento: zagueiro
– Nilson Greuel: zagueiro
– Mauro Longo: meia-cancha
– Carlos Heinz Faber (Paraná): meia-cancha
– José Gonçalves: lateral-direito
– Marcos Oerding: goleiro
– Max Preisig (Maqui): ponteiro
– Biramar José de Souza (Bira): meia-cancha
– Eudes Ribas Guimarães: meio-cancha
– Ézio Fernandes de Oliveira: goleiro
– Jurandir Marques: lateral-esquerdo
– Ronald Olegário Dias: ponteiro
– Aducci Vidal: técnico
– Walmor Belz: médico
– Frederico Capela: massagista
– Hamilton Curi: preparador físico
– Osmar: roupeiro

Também fizeram jus às faixas de campeão, além do presidente Curt Metzger, os diretores do departamento de futebol, Rui Rotta, Antônio Rodrigues da Costa, Zani Rebelo, Stanislau Storlaczek, João Gregório Pereira Gomes, Werner Eberhardt, João da Silva e José Marcolino Netto.

Jogadores campeões de 1964

FICHA DE JOGO  

Olímpico
Barreira, Paraguaio, Orlando, Nilson, Jurandir, Mauro, Paraná, Lila, Quatorze, Rodrigues, Joça, Ronald. Técnico: Aducci Vidal.  

Internacional
João Batista, Nicodemus, Airton, De Paula, Carlinhos, Roberto, Dair, Puskas, Jóia, Sérgio (Nininho) e Anacleto.  

Arbitragem
Gerson Demaria, auxiliado por Nilo Eliseo da Silva e Silvano Alves Dias.  

Gols
Rodrigues (26 minutos da 1ª etapa, aos 13 e 38 do 2º tempo), Jóia descontou aos 10 minutos da etapa complementar.  

Expulsões
Nininho e Roberto do Internacional.  

Renda
Cr$ 3.216.500